Por Antonio Tavares

O século XIII foi o período mais brilhante da Idade Média e, em nenhuma outra época, a influência da Igreja foi tão vasta, tão profunda e tão eficaz. A história registrou tiranias e vinganças, aponta crimes e atrocidades, mas qual século não os praticou? É a época de entusiasmos generosos por tudo o que é belo e grandioso na ordem intelectual, moral, literária e artística. Na Arquitetura, é o século das grandes catedrais de Colónia, Chartres, Reims, Auxerre, Amiens, Salisbury e Westminster, nas quais o génio, sublime na humildade obscura e anónima, elevou monumentos dignos da grandeza daquelas almas e simbolicamente expressivos, a representar o esguio das flechas, o aprumado das torres, a esbelta elegância das colunas que simetricamente elevam-se quais orações ao alto, tal quais mãos postas em arcos ogivais.

No cenário histórico da França do século XIII, personagens reais e fictícios têm as suas vidas entrelaçadas na difícil tarefa de tentarem edificar um templo para o sagrado, um templo digno de ser a morada de Deus na terra. Em uma sociedade de lutas e atribulações, de crises e de fé, que na cidade real de Reims, um grupo de artesãos e de artistas livres, libertos do estado de pobreza e serventia, tem que lutar para manter acesa a chama viva dos seus ideais e das suas conquistas.

É em Reims, a cidade das coroações, onde cristãos, judeus e muçulmanos convivem, que nasce um dos maiores templos da Cristandade e onde a história de “SEMENTES DA RAZÃO” é ambientada, mas este não é um livro simplesmente para ser lido, para descobri-lo inteiramente é necessário que ele seja decifrado, deixando-se envolver por todo o fascínio, os mistérios e os segredos contidos na sagrada arte de construir uma catedral gótica, representante máxima do esplendor da arquitetura e da religiosidade medievais. Uma trama envolvente, uma aventura inusitada, enfatizando as virtudes, os vícios, as incertezas, os medos e a esperança sempre renovada de pessoas irremediavelmente aprisionadas ao absolutismo político e teocrático da Idade Média.

Um romance sobre uma época de compromissos e fidelidade, sobre antigas tradições e sobre os pedreiros-livres que nos faz viajar no tempo e surpreendentemente constatar que os costumes e os valores orientados pelo ideário e pelo imaginário medievais, aparentemente tão remotos, ainda persistem arraigados nos nossos corações e mentes.

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